Quando eu era criança, os robôs estavam assombrando o mundo. Meu avô trabalhou numa indústria a vida inteira. A maior parte da população economicamente ativa estava na indústria. E o avanço da eletrônica fez com que os robôs, progressivamente, tomassem o lugar que antes era reservado ao ser humano.
Ainda me lembro do anúncio de que a Autolatina estava substituindo os pintores de automóveis por robôs. Isso maravilha os adolescentes que, como eu, se interessavam por eletrônica e pela novíssima ciência da computação. E ao mesmo tempo assombrava os empregados da indústria.
Você se lembra dos filmes de robô dessa época?
Robôs de serviços
O medo se concretizou em muitos lugares. Há enormes indústrias hoje com um décimo da mão de obra de há vinte anos e a mesma capacidade produtiva. Ao mesmo tempo, a força de trabalho migrou, e o setor de serviços já representa metade da economia nacional.
Agora os robôs vão invadir o setor de serviços. Boa parte do trabalho que se faz em serviços não precisa de um ser humano. Não importa se você acha isso bom ou ruim, vai acontecer.
O setor de clipping, por exemplo, está sendo transformado. Com robôs de busca e indexação de conteúdo, um jornalista pode fazer o trabalho que, manualmente, era feito por dez. Robôs atendem telefones, direcionam chamadas, aprovam transações financeiras, fazem consultas na web, atualizam as cotações do câmbio, emitem alertas de estoque, enviam mensagens de feliz aniversário aos clientes, monitoram seu site, avisam quando alguém fala de sua marca no Twitter, despacham encomendas, etc. Qualquer tarefa que possa ser descrita num manual de passos simples pode ser feita por um robô.
Robôs de software são diferentes
Os robôs das indústrias são amontoados de metais, motores, fios e circuitos eletrônicos. Os robôs do setor de serviços são, em sua maioria, programas de computador que coletam e processam informação. Um programa de computador não é uma máquina, é uma equação matemática. Isso dá a ele possibilidades de escala inimagináveis. Robôs de software não tem peças que se desgastam e não precisam parar a cada tantas horas para esfriar ou lubrificar. O custo para ter um robô para determinada tarefa é quase o mesmo de ter mil robôs. O software já foi desenvolvido, e você só vai pagar por processamento adicional, o que é muito barato.
Mas robôs não sabem pensar
Robôs lidam muito bem com informação. Mas não sabem transformar informação em conhecimento. Esse trabalho é, e vai ser por gerações, dos seres humanos. Infelizmente, parece que a maioria dos seres humanos também não sabe pensar. Robôs conseguem coletar, processar e transmitir informação, mas são incapazes de transformar informação em conhecimento.
Não faz sentido ter um ser humano capturando e processando as transações em seu e-commerce, ou somando-as num relatório. Isso os robôs podem fazer muito bem. Se você é o cara que gera os relatórios, seu emprego está em risco. Seja quem lê os relatórios e, baseado nos números que estão lá, decide qual será a próxima campanha. Isso os robôs não podem fazer. Ainda.
Por que usar robôs?
- Evitar erros: robôs não se cansam e não se confundem. Um robô pode coletar os dados de compra e calcular a comissão de milhares de afiliados do seu e-commerce todo mês, sem nunca errar.
- Disponibilidade: robôs trabalham 24 x 7. Você pode atender seus clientes em qualquer fuso horário.
- Tempo de resposta: um robô pode responder a uma emergência em milésimos de segundo. Ele pode suspender as vendas de um produto atrelado ao câmbio assim que o dólar subir acima de determinado patamar.
- Custo: o assunto é delicado, mas inevitável. Além de mais eficiente, é mais barato manter um robô que recolha as informações de venda de cada um dos seus produtos e te envie um relatório todo final de dia. E é muitas vezes mais barato fazer isso se você tem milhares de produtos em várias filiais.
- Eficiência: com o robô fazendo o trabalho mecânico, as pessoas têm tempo para pensar.
17 de agosto de 2010