Acabo de ouvir a segunda parte do Podcast de Guerrilha #3. Aliás, recomendo muito o Blog de Guerrilha para quem trabalha com web. É uma boa fonte de inspiração a respeito das possibilidades que a web nos abre. Claro, o podcast não é só sobre o web, eles fazem muita campanha na rua, por exemplo. Mas mesmo isso é interessante e o podcast é bem feitinho e muito divertido de ouvir.
O Podcast #3 foi sobre Blogs Corporativos, entrevistando o autor do livro “Blog Corporativo“, o Fábio Cipriani. E me fez pensar um bocado neste humilde blog. Como alguns de vocês leitores devem ter percebido, há um bocado de tempo que não o atualizamos. Das minhas experiências positivas e negativas com este blog, e do meu gosto por dar palpite, vão alguns conselhos randômicos e questões para discussão, para quem está pensando em blog corporativo:
- Um blog precisa de recursos: embora seja muito barato ter um blog, e a relação custo X benefício em relação a outras formas de divulgação possa ser imbatível, um blog precisa de recursos. Ele não brota sozinho como aqueles cogumelos que nascem no campo. Significa que, para ter um blog, é preciso que haja no mínimo alguém responsável por ele, com tempo disponível para atualizá-lo, vontade de fazê-lo, talento para escrever e acesso a informações relevantes. É por isso que o blog da Visie ficou tanto tempo sem posts, foi aqui que erramos.
- Pauta: o blog corporativo não pode ser “corporativo” demais. Terminamos ontem um curso presencial aqui na Visie, o Tableless I. Embora seja muito interessante para mim, não vou fazer um post sobre isso, aproveitando para dizer como são bons os cursos da Visie, porque isso não interessa a ninguém. O blog não pode ter a cara de um panfleto publicitário.
- Ainda pauta: o blog precisa levantar discussão. A grande vantagem do blog é que ele é um canal de duas vias. Se você tem vergonha do que as pessoas possam falar de sua empresa, talvez o blog não seja para você. Como disse o pessoal da Espalhe: quem deve, teme. A principal vantagem do blog é poder levantar uma questão, ouvir o que as pessoas têm a dizer e responder. Se você tem medo de fazer perguntas e quer publicar textos pasteurizados sobre seus sucessos, esqueça o blog.
- Discussão requer transparência. Já viu aqueles sites de e-commerce onde as pessoas podem comentar os produtos, e só aparecem comentários elogiosos? Qual o efeito imediato disso? A perda total da credibilidade, aquela impressão de “marmelada”. Pois é, se você quer estabelecer diálogo de verdade, precisa dar a cara a tapa. Veja um exemplo: o Lucianno fez uma crítica até um pouco dura num comentário aqui no blog. Os comentários são moderados. Conversei com o pessoal aqui e resolvemos que deveríamos publicar o comentário dele, e qualquer outra reclamação autêntica que aparecesse aqui. Resolvemos o problema em particular com o Lucianno, sujeito muito gente boa, com quem realmente tínhamos dado mancada, e ele parece ter ficado satisfeito com a solução. Apesar disso, o comentário dele vai continuar lá, para que quem visita o blog saiba que estamos interessados na sua opinião real, e não apenas nas boas notícias.
- Transparência pode doer. Empresas erram. É a lanchonete em que você come que contrata um funcionário novo e mal encarado, ou o prestador de serviço que sempre te atende bem mas uma vez ligou o fio vermelho no buraco azul. Nestes três anos em que trabalhamos com treinamentos em padrões web já erramos muitas vezes. Na maioria das vezes bastava um pedido de desculpas e consertar o erro era imediato. Mas às vezes errar pode ser muito constrangedor e difícil de consertar, envolvendo inclusive colocar a mão no bolso. Algumas vezes nesses três anos já tive que escrever um e-mail “me desculpe, nós erramos”, sugerindo uma solução e perguntando ao final se estava bem assim ou havia algo mais que podíamos fazer. E essa tarefa dolorosa me faz entender porque às vezes grandes companhias, como operadoras de telefonia, ignoram solenemente minhas reclamações. Pedir desculpas é difícil, e se isso envolve tentar consertar as coisas ou gastar algum dinheiro, é muito mais.
- Não sei até onde podemos ir. Acredito que ninguém saiba ainda. Os comentários neste blog estão moderados, e sei que não podemos confiar em todo mundo. Naturalmente, não vou aprovar comentários que contenham palavrões ou spam, por exemplo. Mas, além dessas coisas óbvias, não há muitas regras. Por exemplo, a idéia é ser o mais transparente possível em relação a reclamações de usuários, publicando e tentando responder a cada comentário que contém reclamações como vamos fazer com os elogios. Mas um concorrente poderia fazer uma porção de reclamações no blog, se fazendo passar por alunos descontentes. Como vamos lidar com esse tipo de coisa? Até que ponto podemos publicar o que nos chega e estabelecer diálogo real com cada interessado? Como nós e o resto do mundo vamos lidar com isso? Não faço idéia, nada disso existia até bem pouco tempo, mas aceito sugestões.
- Não tente enganar as pessoas. Empresas têm entre seus objetivos, dar lucro. Este blog é sim um canal para estabelecer diálogo com alunos, ex-alunos, futuros alunos e alunos em potencial da Visie. Claro, não é um blog para fazer “propaganda” dos cursos, isso ninguém leria. A idéia não é “divulgar”, é estabeler diálogo. É levantar discussões sobre assuntos que estão ao redor dos cursos, sobre idéias em que baseamos nossos trabalhos, e saber o que você, seu cliente e seu patrão pensam sobre isso. Mas, é claro, temos a esperança de que isso aqui vai nos fazer vender mais cursos no final das contas, caso contrário não estaríamos investindo nosso tempo e dinheiro nisso.
Vou deixar um exemplo que admiro muito, de alguém que tem um bom blog há um bocado de tempo, bem antes de estar todo mundo falando sobre blogs corporativos: Joel Spolsky. Joel é um ex-funcionário da Microsoft, que hoje tem uma pequena empresa que produz ferramentas de desenvolvimento, a Fog Creek, e mantém um blog que eu já leio há um bocado de tempo, o Joel on Software. Com seu blog, Joel está por dentro do que pensa o desenvolvedor de software, seu público, e pode se preparar para atendê-lo melhor. Ele também se torna conhecido e respeitado entre os desenvolvedores, e é claro que isso se reflete na imagem que eles tem do seu produto.
Para terminar eu gostaria de perguntar: alguém ainda lê esse blog? Estou escrevendo para alguém? O que você gosta e não gosta no blog da Visie? O que poderíamos fazer para melhorá-lo? O que precisamos consertar com urgência? O que você realmente gostaria de ver aqui?
Respostas nos comentários, no seu próprio blog através de trackback ou, se você for realmente muito tímido, no formulário de contato do site. Obrigado a todos.
14 de julho de 2006