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Agilidade no home office e o futuro do trabalho remoto

Home office

Se você trabalha com recrutamento e seleção, ou participa de alguma forma desse processo, provavelmente notou uma mudança clara nas prioridades dos candidatos. É notável que, uma das primeiras perguntas que surgem numa entrevista é: “Qual é o regime de trabalho? É híbrido, remoto ou 100% presencial?".

Essa questão, que parece um simples detalhe, no entanto, revela muito sobre o que o profissional busca: liberdade geográfica, preferência por uma liderança flexível, alinhamento com a cultura da empresa e, acima de tudo, a importância da confiança nas relações de trabalho.

O Fim do “Olho do Dono"

É só dar uma olhada nas redes sociais para ver as inúmeras discussões sobre o home office. Há quem defenda com unhas e dentes e quem simplesmente não suporte. Com frequência, nos deparamos com falas como a de Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, criticando o trabalho remoto, alegando que ele atrapalha a gestão, a inovação e o aprendizado:

“O trabalho remoto não funciona para os jovens, para a gestão ou para a inovação. Aplaudo o direito de não querer ir ao escritório todos os dias, mas você não vai dizer à JPMorgan o que fazer.”

No entanto, sejamos sinceros: se sua empresa ainda acredita que um funcionário só produz sob sua vigilância, então é provável que o problema não seja o funcionário, certo? A liberdade do home office vai muito além de onde a pessoa está. É sobre maturidade, autonomia e responsabilidade compartilhada. Quando uma equipe atua remotamente, a liderança mostra que confia na capacidade do time de entregar resultados sem precisar controlar cada minuto. É fundamental, portanto, entender que o profissional tem uma vida fora da empresa e que pode ser super produtivo sem estar fisicamente presente no escritório.

Enquanto algumas empresas insistem no controle de ponto e na ideia de que só se trabalha entre quatro paredes no escritório, com todo o estresse do trânsito, outras estão colhendo os bons resultados de uma abordagem baseada na confiança, e não no microgerenciamento.

O home office está com os dias contados?

Recentemente, a volta ao trabalho presencial ganhou força. Gigantes como a Amazon anunciaram o retorno 100% ao escritório. E esse movimento não é só lá fora; no Brasil, o cenário pós-pandemia já mostra essa mudança.

De acordo com o estudo “Planeta Firma – Anuário de Benefícios 2025”, o home office está em queda no país:

Em contrapartida, o vale-combustível cresceu 203% e o auxílio-mobilidade aumentou 76%.

Essa mudança toda reacende uma discussão importante: o regime de trabalho ideal não é só uma questão de logística. Ele revela a cultura da empresa e impacta diretamente como atraímos e mantemos talentos. Como resultado, para muitos, o home office é um benefício e tanto, e não ter essa opção pode ser o motivo para um profissional recusar uma vaga.

A transição da Vise para o home office: nossos aprendizados e benefícios

Aqui na Vise, vivemos a transição do presencial para o home office de forma intensa.

Atualmente, já acumulamos sete anos de experiência contínua com o home office, sendo mais de cinco anos trabalhando totalmente de casa. Além da liberdade geográfica, esse modelo nos trouxe vários benefícios: mais qualidade de vida, uma queda significativa nas faltas e, ainda que em menor escala, uma boa redução nos custos de escritório. Todavia, o foco de hoje é outro: vamos voltar a falar da agilidade no trabalho remoto.

Olhando assim, pode até parecer que o home office deu certo para a Vise desde o começo, mas isso não aconteceu sem esforço. Acredite, enfrentamos muitos desafios e precisamos mudar bastante coisa. Dessa forma, uma das áreas que mais se transformou foi a forma como desenvolvemos software. Deixamos para trás metodologias antigas e complicadas, como o Processo Unificado, e vimos na rotina remota uma chance de melhorar ainda mais nossa agilidade.

Para a Vise, a agilidade não é só um conjunto de regras, como o Scrum. É, acima de tudo, saber se adaptar. E isso vale tanto para como os processos funcionam quanto para como a equipe colabora, aprende e entrega valor.

Desafios e adaptações no home office

Nossa experiência também mostrou que nem todo mundo se adapta bem ao home office. Trabalhar de casa exige mais autogestão e disciplina para organizar o próprio tempo. O mundo digital está cheio de distrações, e para algumas pessoas, estar perto dos colegas no escritório, com a pressão social, é a única forma de se concentrar.

A comunicação também é um ponto importante. Trabalhar a distância pede um tipo diferente de habilidade. Por exemplo, é preciso saber usar as ferramentas online e de colaboração. Se você tem um problema técnico em casa, na maioria das vezes vai ter que se virar, já que a tecnologia é seu único meio de pedir ajuda. Ademais, para muitos, é difícil se comunicar de forma clara sem estar na mesma sala, olhando nos olhos ou fazendo um desenho rápido.

Por fim, percebemos que nem toda empresa funciona bem no modelo remoto por questões de cultura e gestão. O trabalho a distância exige um cuidado especial para construir uma cultura forte. Para certas culturas empresariais, o remoto simplesmente não se encaixa.

Vale lembrar que a experiência da Vise é bem particular, e o remoto funciona mais fácil pra gente do que para a maioria das empresas por aí.

Scrum, papéis e nossa estrutura mais enxuta

O ambiente remoto também nos fez perceber que menos é mais. Times maduros, com desenvolvedores experientes, não precisam de um monte de camadas no meio do caminho para as coisas acontecerem.

Na prática, nossos coordenadores de projeto são programadores que trabalham junto com o time. Eles ajudam nas cerimônias do projeto, mantêm o ritmo e garantem a qualidade do que é entregue. Isso pode parecer meio louco para muitas empresas, já que eliminar um papel como o de Scrum Master, por exemplo, é algo impensável para o bom andamento dos projetos. No entanto, aqui na Vise, é o contrário. Essa estrutura horizontal nos ajuda a evitar ruídos de comunicação e a aproximar a equipe do cliente. É comum que os próprios desenvolvedores recebam feedback direto, seja bom ou ruim, e isso faz com que eles se sintam mais responsáveis e donos do produto final que a gente entrega.

Métricas: o que a gente mede na agilidade?

Para nós, a única coisa que realmente importa é o software funcionando. É isso que mostra o progresso, o valor entregue e a qualidade técnica. A gente foca em entregas pequenas, constantes e que podem ser testadas, seguindo o espírito ágil de aprender e ajustar rápido. A autonomia da equipe é prioridade. Em outras palavras, ao invés de controlar horários ou exigir relatórios diários, nossa empresa foca em resultados que dão pra ver.

E isso não quer dizer que a gente não acompanha: a prática de pair programming no ambiente remoto, aliás, ajuda muito no aprendizado entre os desenvolvedores e fortalece nossa cultura de melhoria contínua.

Transparência e liderança técnica

Na Vise, a liderança é técnica e prática. Não temos gerentes que só observam, nossos líderes programam, participam das decisões técnicas e conhecem as dificuldades reais do dia a dia. Essa proximidade com a equipe e com o cliente garante que o trabalho flua e que a gente entregue sempre com a mesma qualidade.

Nossa comunicação é direta: sem “tradutores de requisito", sem intermediários entre cliente e equipe. Isso exige maturidade, porém, traz clareza, agilidade e um senso de dono. Além disso, o feedback constante garante a melhoria contínua.

O futuro do mercado seria híbrido?

Muito se fala sobre o “modelo híbrido" como a solução ideal. Contudo, o verdadeiro híbrido vai além de só misturar dias em casa e no escritório. É uma forma de pensar o trabalho de um jeito flexível, adaptável e focado nas entregas, em vez de horários fixos ou presença física.

Acreditamos que o futuro do trabalho é, por sua natureza, remoto, especialmente para funções como o desenvolvimento de software. As vantagens são claras: flexibilidade, acesso a talentos de todo o mundo, aumento da produtividade e um equilíbrio melhor entre vida pessoal e profissional.

Agilidade é mais humana do que técnica

A discussão sobre o modelo de trabalho ideal mostra algo ainda maior: a fragilidade de empresas que não confiam em suas equipes e a força daquelas que valorizam a autonomia, responsabilidade e um propósito claro.

A agilidade não é só uma regra. É uma forma de pensar. E ela funciona e melhora mesmo em ambientes remotos, desde que exista confiança, uma liderança com os pés no chão e uma cultura que valoriza a entrega de verdade, e não só a encenação da produtividade.

E na sua empresa?

🎧 Quer saber mais sobre a verdadeira agilidade no home office? Ouça o nosso bate-papo completo no podcast “Simplificando o Digital".

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