Muito se tem falado sobre inclusão social e acessibilidade na última década, devido à Lei Brasileira de Inclusão (nº 13.146/2015), que tem como objetivo assegurar a igualdade de condições a pessoas com deficiência para fazerem uso de seus direitos sociais e civis. Dessa forma, o Estatuto da Pessoa com Deficiência, promulgado em julho de 2015, ressalta a importância do acesso à informação e à comunicação, começando pela acessibilidade na web, descrita no artigo 63 como obrigatória para as empresas privadas e os órgãos governamentais brasileiros. 

Contudo, ainda são poucas as empresas brasileiras que realmente adotam os critérios de acessibilidade em sua comunicação via web (menos de 2%). Por outro lado, cerca de 25% da população tem algum tipo de deficiência e, portanto, enfrenta determinadas dificuldades ao navegar na internet. Isso significa que, se o site da sua empresa não for acessível, seu negócio provavelmente está perdendo parte do seu público. 

Além do mais, a perda de visitantes não se limita à desistência daqueles que encontram dificuldades em acessar o site. Existe, também, um importante fator chamado SEO! Afinal, o Google prioriza sites que estejam em conformidade com a legislação e alinhados às boas práticas de acessibilidade, considerando as mais diversas necessidades especiais que os usuários possam portar.

No vídeo abaixo, falamos um pouco mais sobre a relação das práticas de acessibilidade na web e o ranqueamento no Google. Além de evidenciar as oportunidades disponíveis para as empresas que se preocupam de verdade em tornar sua comunicação acessível a todos. Clique para assistir!

Acessibilidade não se limita a deficiências evidentes

Você percebe como o tema inclusão é amplo, mesmo quando nos atemos à vertente da acessibilidade na web? Seu site precisará ter algum tipo de recurso de Libras para os usuários com deficiência visual total e garantir o funcionamento junto com os softwares tradutores de Libras, como HandTalk ou VLibras, por exemplo. Todavia, não se trata apenas de recursos para cegos, mas de uma enorme variação de deficiências, em escalas de limitações completamente diferentes umas das outras.

Observe quantas pessoas usam óculos ao seu redor! Elas têm algum grau de deficiência visual que, a princípio, é corrigido com o uso das lentes. Mas, neste mesmo grupo, há pessoas que, ainda que usem óculos, têm dificuldade para ler letras pequenas. Conhece alguém assim?

O mesmo vale para a comunicação por cores, que dificulta o entendimento para daltônicos. Também vale para alguns tipos de animações, que podem desencadear crises em pessoas com epilepsia fotossensível. E até para informações nas laterais de um texto, que podem dificultar a concentração de alguém com transtorno de déficit de atenção (TDAH)!

Isso não quer dizer que você não possa utilizar recursos como a comunicação por cores, animações, pop ups ou conteúdos adicionais em determinadas páginas. No entanto, é fundamental oferecer opções simplificadas para casos como os citados acima. Ou seja: acrescentar uma sinalização escrita, além da comunicação por cores; permitir a desativação de certas animações; apresentar a opção de tela “sem distração”… Enfim, aproveitar ao máximo os recursos na web para que o site seja funcional e acessível a todos os públicos

Acessibilidade na web para pessoas sem deficiência

O artigo segundo da Lei Brasileira de Inclusão considera a pessoa com deficiência quando há algum impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial de longo prazo que comprometa sua participação na sociedade de forma igualitária. Porém, em se tratando de acessibilidade na web, precisamos considerar também as situações que geram limitações temporárias.

Imagine que um usuário destro quebrou o braço direito e não consegue usar o mouse durante o período em que utiliza o gesso: ele provavelmente vai precisar dos atalhos do teclado! Não precisamos nem ir tão longe em nossa imaginação… Provavelmente você já tentou assistir a um vídeo sem som por estar sem fones de ouvido em um ambiente silencioso, como uma sala de espera ou um escritório, certo? Para esses casos, a opção de ativar a legenda pode ser determinante para continuar assistindo ou procurar outro site!

Por essas e por outras é que é tão importante pensar na acessibilidade na web de forma abrangente, não se limitando ao básico da inclusão. Não se trata simplesmente de atender a requisitos legais, mas de alcançar seu público de forma efetiva. Até porque, tem muito mais gente que precisa dos recursos de acessibilidade do que usuários legalmente considerados deficientes! 

Tecnologias que asseguram a acessibilidade na web

Embora ainda sejam poucas as empresas que se preocupam verdadeiramente com a inclusão em seus sites, as tecnologias core para construção de páginas web, HTML, CSS e JavaScript estão preparadas para isso, visto que seus recursos de acessibilidade estão baseados nos próprios fundamentos da web, como mencionamos no vídeo acima. 

Por isso, não hesite em treinar sua equipe técnica e investir em um processo de implementação de acessibilidade em seu site. Mas fique atento: tentar resolver tudo rapidamente, e tornar o seu site completamente acessível de um dia para o outro pode ser um engano e uma cilada! É importante ter cuidado com ferramentas automatizadas, por exemplo, que podem não funcionar como o esperado. Melhor, mesmo, é verificar com a sua equipe como está a acessibilidade de seu site e de seus sistemas para identificar as necessidades de adaptações inclusivas específicas para o seu projeto.

Essas mudanças graduais, se bem feitas, serão excelentes não apenas para facilitar a vida do usuário, mas para deixar o seu site mais rápido, mais simples de ser acessado e em evidência para os mecanismos de busca, tornando-o, assim, mais fácil de ser encontrado pelos seus clientes em potencial.

Por Joana Kerr