Inteligência Artificial: o que sua empresa poderia estar fazendo hoje

Escrito por:

Elcio Ferreira

A Inteligência Artificial não é uma tecnologia promissora que esperamos ver num futuro próximo. Ela já é parte das nossas vidas. Sabe o reconhecimento de voz do seu celular, o modo de embelezamento da câmera ou o teclado que sugere a próxima palavra? Há carros, empilhadeiras e drones funcionando sem piloto. Há “robôs” tomando decisões como aprovar suas compras de cartão de crédito, quanto cobrar por um clique em um espaço de publicidade ou sugerindo que vídeos você deveria assistir em seguida.

Mas a mais recente geração de Inteligências Artificiais, capazes de gerar ou modificar textos, imagens e até vídeos, levou as coisas para um outro nível. Muita gente está se perguntando qual a melhor maneira de usar a IA em seu negócio. E muitos se preocupam se a IA pode roubar seus empregos.

A verdade é que existem alguns tipos de trabalhos que a IA pode realizar com mais eficiência do que os humanos, ou com uma relação custo x benefício muito melhor. Pense na aprovação de transações de cartão de crédito, por exemplo. Precisamos que elas sejam aprovadas instantaneamente e em volumes gigantescos. Seria impossível para seres humanos fazer isso.

Ou pense no reconhecimento de voz e tradutor em seu celular. Muita gente viaja para países onde não domina a língua e acaba se virando só com o celular. Essa IA não está tirando o emprego de ninguém. É claro que viajar com um guia local que conheça os dois idiomas pode ser uma solução, mas tem custo muito maior. Muito menos gente tem acesso a um guia do que a um celular.

Mas os robôs, sim, ameaçam empregos. E muitos. É possível que muitos trabalhos repetitivos e rotineiros sejam realizados por robôs de IA. Vimos isso acontecer nas grandes indústrias. Onde antes havia uma fábrica com 700 funcionários, agora há linhas de produção totalmente automatizadas com 50 pessoas operando os robôs, cuidando dos suprimentos e da logística.

Boa parte da força de trabalho humana está ocupada em tarefas que uma IA pode realizar.

Há advogados defendendo causas, escrevendo livros, dando aulas. A IA ainda não pode fazer nada disso. Mas a maior parte dos advogados trabalha em tarefas estritamente burocráticas como revisar contratos procurando por erros contábeis ou de redação.

Há redatores escrevendo peças publicitárias que vão ser usadas para comunicar a um público muito bem segmentado a informação vital para tomada de decisão. Isso exige habilidades que, por enquanto, são estritamente humanas. Mas a maior parte dos redatores está ocupada em escrever texto genérico com as palavras chave certas para atrair tráfego no Google.

Que ações as empresas podem adotar diante desse cenário? Gostaria de sugerir três abordagens.

Usar Inteligência Artificial naquelas tarefas que só a IA pode fazer

Há alguns cenários que são quase no brainers para o uso de Inteligência Artificial. São excelentes candidatos:

  • Análise repetitiva de dados e reconhecimento de padrões: encontrar fraudes em transações, filtrar spam, classificar risco de contratos de crédito, detectar tentativas de ataques hacker etc.
  • Tarefas que podem ser resolvidas através de muitas tentativas: encontrar a melhor rota entre vários pontos, calcular a melhor disposição de cargas em uma frota, jogar xadrez etc.
  • Coisas em que a IA pode aprender com a própria experiência: para que público e em que horário exibir seus anúncios, qual combinação de imagem e texto exibir, em que ordem mostrar os produtos em seu e-commerce etc.

São tarefas nas quais não vamos colocar seres humanos para trabalhar porque seria impossível ou economicamente inviável. Imagine que um ser humano tivesse que interagir cada vez que você pede uma rota ao Waze ou usa seu cartão de crédito!

Colocar a Inteligência Artificial para servir às pessoas

Vamos a um exemplo: já há alguns anos que as empresas tentam emplacar o uso de chatbots para o atendimento ao público. Alguns com mais sucesso do que outros. De maneira geral, os chatbots não passam de uma ferramenta de busca sugerindo maneiras de o usuário resolver seu problema sozinho antes de falar com um ser humano.

Veja esse exemplo:

Imagem da tela de uma conversa com o chatbot de uma companhia área. A Inteligência Artificial aqui não parece muito inteligente, é incapaz de compreender a maioria das perguntas.

Mas o ser humano ainda está lá. E é onde está a verdadeira oportunidade nesse negócio. Manter um time de atendentes é caro e complexo. Não é fácil escalar esse time sem perder qualidade. E é nesse problema que a IA pode realmente ajudar muito.

Pense no teclado do seu celular. Quando você toca entre duas teclas o teclado, pelo contexto, seleciona a tecla mais provável para você. Ele sugere a próxima palavra, corrige erros de digitação e, em alguns casos, sugere a próxima frase inteira. O teclado está fazendo muito, mas você ainda está pilotando.

A IA ainda tem limitações em termos de empatia, criatividade e flexibilidade. Ainda precisamos de seres humanos para fazer, pelo menos, o segundo nível de atendimento. Mas colocar nas mãos dessas pessoas ferramentas baseadas em Inteligência Artificial pode aumentar muito sua produtividade e eficiência. Imagine a IA sugerindo as próximas respostas a um atendente de chat humano e aprendendo a cada dia com o que os próprios atendentes respondem. Os atendentes serão capazes de atender a muito mais chamados, mais rapidamente e com respostas melhores.

Esse é apenas um exemplo. Fora das centrais de atendimento há inúmeras outras aplicações possíveis, cenários onde não podemos (pelo menos por enquanto) colocar a IA para fazer o trabalho, mas ela pode ajudar as pessoas a produzir muito mais com menos esforço.

Aqui na Visie, no desenvolvimento de sites e software, estamos usando uma Inteligência Artificial que faz exatamente isso. Os programadores continuam totalmente no controle, mas a IA nos ajuda a ser muito mais produtivos.

Se você estiver curioso para ver isso funcionando, veja o vídeo a seguir e note como a Inteligência Artificial ajuda um programador a resolver um problema simples em um terço do tempo que normalmente levaria:

Investir nas pessoas

O mundo vai passar por uma crise de emprego com a Inteligência Artificial. Não sabemos exatamente como a sociedade vai se organizar com o tempo, esperamos que haja uma nova distribuição do trabalho e novas oportunidades econômicas. Mas durante a mudança, uma crise é inevitável.

Por exemplo, o Brasil tem 1,5 milhão de motoristas de aplicativos, entregadores e taxistas, 2 milhões de caminhoneiros e 350 mil motoristas de ônibus. Uma única aplicação da inteligência artificial, os carros autônomos, ameaça diretamente o trabalho de 2% da população economicamente ativa.

E em nossas empresas? Precisamos de pessoas para ensinar à IA como agir e revisar suas decisões. Precisamos de pessoas para pilotar as novas operações que serão possibilitadas pela IA. Vivemos hoje uma crise de mão-de-obra especializada: há muita gente procurando emprego, mas pouca gente qualificada para atividades mais especializadas.

As faculdades, centros de treinamentos e escolas técnicas não estão preparando as pessoas para esse futuro, porque ele ainda está sendo construído. As empresas e organizações que serão beneficiadas pela Inteligência Artificial agora e num futuro próximo têm uma excelente oportunidade de ajudar a reduzir o impacto da chegada da Inteligência Artificial qualificando seus colaboradores e a comunidade ao seu redor para as novas operações baseadas em IA. Ao mesmo tempo, quem fizer isso estará alguns passos à frente dos concorrentes.

Gostou desse texto? Considere assinar nossa newsletter. Assinando, você vai ficar sabendo sempre que publicarmos um artigo como esse que você acabou de ler. Vai também receber em primeira mão dicas que só compartilhamos por lá.

Não vamos lotar sua caixa de e-mails. A gente escreve em média uma vez por semana. E se você mudar de ideia depois, é muito fácil se descadastrar. Para entrar na newsletter, é só preencher o formulário a seguir. Te encontro lá:


Leia também