O desenvolvimento de softwares, especialmente os grandes, é um trabalho amplo, que envolve profissionais de várias áreas e exige dedicação da equipe para que o resultado seja realmente satisfatório. E manter a qualidade de um projeto do início ao fim, apesar dos percalços do caminho, é um verdadeiro desafio! Por este motivo, abordarei cinco erros comuns que as pessoas cometem no desenvolvimento de softwares:
1 – Desistir da qualidade por uma primeira imperfeição
É muito comum em início de projeto as pessoas trabalharem empolgadas, dedicadas, com amor pelo software que está sendo desenvolvido e se desdobrarem para manter a qualidade, visando a perfeição. Mas quando acontece um imprevisto e “mancha” uma parte do projeto, parece que toda aquela atmosfera de perfeição cai por terra e já não faz mais sentido tomar tanto cuidado para deixar o projeto 100%.
O problema, geralmente, é que com a ideia de que “agora não é mais possível deixar o software perfeito”, as pessoas já não se importam mais com as imperfeições que surgem dali para frente e deixam de ter capricho na escrita do código, perdendo a oportunidade de melhorar o projeto e concluir o desenvolvimento do software com a qualidade esperada.
2 – Cronograma mal resolvido
É importante que seja feito um cronograma coerente com a realidade. Se alguma parte do projeto não for considerada no cronograma, ou se o tempo de trabalho for mal calculado, certamente impactará na qualidade, em virtude da pressa gerada.
Por isso, é imprescindível ter cuidado ao determinar as datas de início e fim de cada uma das atividades do projeto. É importante também repetir o processo do cronograma frequentemente para se certificar de que tudo tenha sido estimado corretamente. Além disso, convém deixar sempre uma folga, pois se alguma coisa sair do previsto, terá uma margem de tempo para a equipe resolver o problema com calma e mantendo a qualidade inicial do projeto.
3 – Deixar a pressa comprometer a qualidade da escrita do código
Quando os prazos para entrega ficam curtos, seja por um erro de cálculo do tempo ou por algum imprevisto surgido durante o projeto, cria-se uma urgência no desenvolvimento do software que, se não houver o devido cuidado, pode levar os desenvolvedores a comprometerem a escrita dos códigos.
Entretanto, quando a prioridade deixa de ser a qualidade, perde-se tempo lá na frente. Isso porque um código mal escrito pode gerar problemas na funcionalidade do software, criando a necessidade de passar por manutenção mais vezes. Consequentemente será gasto mais tempo e, também, mais dinheiro com o software.
4 – Não medir os resultados com dados numéricos
Durante o desenvolvimento de softwares, as pessoas tendem a avaliar o andamento do projeto de dentro, pelas experiências ali vivenciadas. Isso torna-se um problema quando surgem imprevistos, por exemplo, pois sem dados exatos sobre a real situação pode dar a impressão de que a solução está bem mais distante do que realmente está e isso costuma impactar na disposição da equipe para “correr atrás do prejuízo”.
A qualidade de um software em desenvolvimento pode (e deve) ser avaliada por números. Para isso, existem coberturas de testes e diversas alternativas que podem resolver essa questão. Você pode, inclusive, utilizar métricas criadas por sua própria equipe. O importante é que você não abra mão de medir os resultados com dados numéricos, pois com informações mais precisas, as pessoas costumam trabalhar com mais foco na qualidade.
5 – Desenvolvimento de softwares grandes sem dividir em partes
Quando um software grande e complexo é desenvolvido por inteiro, fica muito mais vulnerável, pois um problema simples no meio do projeto pode ser capaz de comprometer a qualidade de todo o software. Por isso, o ideal é dividir em pequenos softwares, mais simples, para serem desenvolvidos em partes e depois de prontos serem unificados.
Essa divisão elimina o problema da “contaminação” do software todo quando acontece algum problema no desenvolvimento de alguma parte. Ainda que um “pedaço” não esteja tão perfeito, as outras partes continuam sendo desenvolvidas com qualidade. E a chance de conseguir consertar o problema daquele software mais simples é bem maior!
Em geral, é preciso cultivar uma cultura de qualidade no desenvolvimento de softwares, manter o capricho do início ao fim do projeto e amar escrever código bom. Essa é a forma mais certeira de desenvolver softwares de qualidade em todas as circunstâncias!
Por Joana Kerr
10 de maio de 2016